As práticas de sustentabilidade são um mercado em expansão e uma oportunidade para os fornecedores B2B. A conscientização sobre as questões de ASG (ambiental, social e governança) e a definição de objetivos que vão além da maximização dos lucros é uma tendência crescente entre as empresas de todo o mundo. Essa tendência está se espalhando também entre as empresas brasileiras?
A sustentabilidade está mudando a forma como gerenciamos e impulsionamos a vida econômica. A união das métricas de ASG com as tecnologias verdes permitiu que alguns poucos participantes interrompessem e reformulassem sistematicamente os setores. As empresas conectadas a essa nova infraestrutura acabaram com o conflito entre custo e valor, e o modelo de negócios global otimizado para custo mínimo chegou ao fim.
Os custos e a mão de obra não são mais os principais fatores que impulsionam as decisões de investimento e aquisição. Os critérios de fornecimento das multinacionais se expandiram em resposta às mudanças nas preferências dos consumidores. As empresas que se adaptarem a essa mudança e reconhecerem que a sustentabilidade é o próximo passo, rapidamente farão os ajustes necessários e mudarão sua abordagem para fazer negócios.
Este é um ótimo momento para fazer parte da revolução ASG. O momento perfeito, seja no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo.
Então, como as empresas brasileiras estão se saindo em relação à sustentabilidade? Embora nos últimos anos as empresas tenham melhorado as suas métricas ambientais, sociais e de governança, conforme nossa última publicação do Índice de Sustentabilidade Empresarial, elas ainda ficam atrás de seus pares de outros países da América Latina e do Caribe (ALC).
Melhorando, mas não na velocidade necessária
Entre 2018 e 2022, avaliamos as práticas ambientais, trabalhistas, éticas e de governança de cerca de 2.500 empresas brasileiras que abastecem os mercados globais, incluindo empresas de porte médio (25 a 999 funcionários) e grande (mais de 1.000). Em nossa análise, apenas algumas atingiram altos níveis de maturidade na gestão da sustentabilidade. A maioria precisa de iniciativas direcionadas para se desenvolver nessa área.
A lacuna é ainda maior para grandes empresas. Em nossas fichas de resultados, o desempenho desse grupo é pior que o das pequenas e médias empresas (PMEs) em todos os quatro temas de avaliação, a pontuação das grandes empresas melhorou consideravelmente menos ao longo dos cinco anos. As compras sustentáveis se destacam como o grande desafio para essas empresas, visto que a média deste tema sofreu uma queda entre 2021 e 2022, de 34,8 para 31,1 pontos. Um motivo plausível é que as grandes empresas precisam progredir em várias frentes devido ao seu tamanho e às complexas interconexões em suas cadeias de abastecimento. Mas, como tal, elas podem oferecer o melhor impulso para alcançar o progresso no ritmo e na escala necessários, desde que consigam influenciar suas vastas redes de abastecimento.
Brasil: pontuações gerais médias para grandes empresas e PMEs (2018 vs. 2022)
Pontuação geral média das grandes empresas no Brasil
Pontuação geral média das pequenas e médias empresas no Brasil
Historicamente, as compras sustentáveis têm sido o tema com a menor pontuação, tanto para grandes empresas quanto para PMEs. As empresas ao redor do mundo aumentaram em apenas 2,3 pontos a média do tema desde 2018, chegando a 40,6 pontos em 2022. A maior parte dessa melhoria (1,7) ocorreu no ano passado. As empresas no Brasil, no entanto, não estão acompanhando o ritmo, a pontuação média do país nesse tema aumentou 0,9 ponto desde 2021 (e apenas 0,7 desde 2018). No caso do Brasil, essa pequena melhora é o maior aumento desde 2021, todos os ganhos do país no ano passado ficaram abaixo da marca de 1 ponto (veja a figura abaixo).
Brasil: Pontuação média do tema (2018 a 2022)
A progressão da pontuação geral do Brasil entre 2021 e 2022 é bastante lenta quando comparada com a melhoria anual de outros países da América Latina e do Caribe (ALC): Em 2022, a média geral do Brasil foi de 45,3, um aumento de 0,5 em relação ao ano anterior. Enquanto isso, a Colômbia, o país com melhor desempenho na região, registrou um aumento de 1,8 (até 48,5). Empresas na Argentina apresentaram resultados ainda mais sólidos, com um aumento de 2,7 na média em um ano, para 45,6 em 2022.
Um panorama de cinco anos oferece um quadro mais elaborado do que as variações do ano passado. Antes de 2022, a pontuação média do Brasil era, em sua maior parte, igual à da região da ALC. De 2018 a 2022, o Brasil aumentou sua pontuação em 3,8 pontos, enquanto as empresas da ALC aumentaram 3,7 pontos, em média (veja a figura abaixo).
Evolução da pontuação geral (2018 a 2022)
Então, o que causou a desaceleração? Isso pode ter ocorrido porque, desde 2021, houve um aumento de 58% no número de avaliações no país. Isso significa que, em 2022, mais da metade (52%) das empresas brasileiras foram avaliadas pela primeira vez. As empresas que são novas no processo de avaliação geralmente têm uma pontuação mais baixa do que aquelas que já foram avaliadas pelo menos duas vezes. O desempenho é ainda melhor na quarta ou quinta avaliação das empresas.
Das empresas abrangidas, apenas 3% chegaram ao quadrante de liderança
A rede brasileira, no entanto, ainda é nova nesse aspecto, entre 2018 e 2022, apenas 12% das empresas do país passaram por três ou mais avaliações e 66% tiveram apenas uma avaliação durante esse período. Portanto, as pontuações médias do Brasil dependem de empresas que têm menos experiência em basear seu desempenho na EcoVadis. Conforme mais empresas do país se comprometem com o processo contínuo de avaliação e aprimoramento, esperamos ver pontuações mais elevadas e mais representantes no grupo "Avançado".
Atualmente, apenas uma pequena porcentagem das empresas brasileiras faz parte desse grupo: em 2022, 3% tiveram um desempenho de nível Avançado (de 65 a 84) e nenhuma chegou à categoria Excepcional (de 85 a 100), o topo da escala de desempenho da EcoVadis. Das empresas restantes, 49% tiveram um nível Bom (de 45 a 64) de desempenho de sustentabilidade, 47% se enquadraram na categoria Parcial (de 25 a 44) e 1% teve um desempenho Insuficiente (abaixo de 25).
Uma análise da distribuição do desempenho por tema de avaliação confirma que as compras sustentáveis são um desafio à parte para as empresas em todo o Brasil (80% obtiveram pontuação abaixo do limite de 45 pontos em 2022). Mas, muitas delas também têm dificuldade para melhorar a sustentabilidade em suas práticas internas. Nos temas Meio Ambiente e Ética, mais da metade das empresas do país tem pontuação inferior a 45 e um terço tem a pontuação dentro dessa faixa nos temas Práticas Trabalhistas e Direitos Humanos (veja a figura abaixo).
Brasil: Distribuição do desempenho geral e por tema (2022)
| Geral | Meio Ambiente | Práticas Trabalhistas e Direitos Humanos | Ética | Compras Sustentáveis | |
| Excepcional (85-100) | 0% | 0% | 0% | 0% | 0% |
| Avançado (65-84) | 3% | 5% | 3% | 6% | 1% |
| Bom (45-64) | 49% | 44% | 67% | 37% | 18% |
| Parcial (25-44) | 47% | 49% | 29% | 55% | 74% |
| Insuficiente (0-24) | 1% | 2% | 1% | 2% | 6% |
A maioria das empresas do país precisa analisar mais profundamente seus impactos sociais e ambientais. O Brasil precisa fazer a descarbonização não apenas porque é o sétimo maior emissor de GEE do mundo, mas também porque, devido aos seus recursos naturais e às suas capacidades, pode desempenhar um papel significativo na transição global. Com o Brasil enfrentando desafios de direitos humanos, a dimensão social também é uma grande oportunidade de melhoria. Para as empresas que operam no país, cumprir alguns critérios de desempenho é o mínimo para gerenciar exposição e evitar danos.
Há muitas empresas que deveriam se concentrar em reduzir os riscos em suas operações e buscar outros elementos para prosperar no longo prazo.
Deseja saber mais sobre como a onda da sustentabilidade está crescendo em todo o mundo? Leia a 7ª edição do Índice de Sustentabilidade Empresarial para obter uma perspectiva global e mais informações por região, tema e setor.
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